SAÚDE

O corpo fala: desejo por certos alimentos pode ser falta de nutrientes

<b>Chocolate na TPM: </b> De acordo com a nutricionista Roberta Silva, a vontade de comer chocolate pode ter relação com uma queda de serotonina, por conta das alterações hormonais. O chocolate é fonte de triptofano, que estimula a produção da substância do bem estar. "Nessa situação, as pessoas podem optar por um chocolate meio amargo com pelo menos 50% de cacau, pois além de conter o triptofano, possui outros benefícios", sugeriu a professora Tatiane Foto: Getty ImagesNo meio da tarde surge aquela vontade de comer um brigadeiro, ou de repente você imagina um pedaço suculento de carne vermelha, coberta com molho e queijo. Pensamento de gordinho? Talvez não. A falta de determinados nutrientes no organismo pode ser sinalizada pela vontade de comer determinados alimentos, para se obter o equilíbrio nutricional, explicou a professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Senac, Tatiane de Oliveira.

“Sempre que fazemos algum tipo de dieta restritiva, ou ficamos muito tempo sem comer, acabamos exagerando quando presentes em um local com grande disponibilidade de alimentos, como uma pizzaria ou churrascaria”, exemplificou a professora. A nutricionista Roberta Silva esclareceu que estes sinais acontecem quando a pessoa não tem uma alimentação balanceada e deixa faltar alguns grupos alimentares.

Longos períodos sem se alimentar, excesso de atividade física, dieta pobre em vitaminas e minerais, hipoglicemia e outros fatores podem causar a deficiência em nutrientes. Uma observação das nutricionistas entrevistadas pelo Terra é a vontade de comer chocolate durante a TPM. “As mulheres sofrem alterações hormonais, como a queda da serotonina, hormônio relacionado ao bem estar. O chocolate pode elevar os níveis deste hormônio, pois contém triptofano que é o precursor na produção de serotonina em nosso organismo”, justificou Tatiane.

Para evitar abusar no doce, devorar um sanduíche hipercalórico ou exagerar em um rodízio de pizza, basta estar com o organismo balanceado, de acordo com Roberta. “É preciso consumir alimentos de todos os grupos, Com o tempo, a pessoa para de sentir vontade de comer doces e comidas gordurosas, ela se acostuma a uma alimentação saudável”, disse Roberta. Legumes, verduras, cereais, carboidratos, vitaminas, minerais e proteínas não podem faltar.

A professora de Nutrição da faculdade Anhembi Morumbi, Fernanda Correa, disse que os alimentos “fast” costumam ter menos vitaminas e nutrientes e mais gordura. “Observo que as pessoas ingerem poucos alimentos fontes de cálcio, muita fonte de lipídios, gordura e carboidratos. O mais comum são dietas hipercalóricas”, afirmou. Segundo a professora, a pessoa fica obesa, mas pode ter anemia, deficiência de ferro e outros nutrientes.

Veja a seguir qual substância está faltando no organismo, de acordo com a vontade de comer certos alimentos.

Chocolate na TPM: De acordo com a nutricionista Roberta Silva, a vontade de comer chocolate pode ter relação com uma queda de serotonina, por conta das alterações hormonais. O chocolate é fonte de triptofano, que estimula a produção da substância do bem estar. “Nessa situação, as pessoas podem optar por um chocolate meio amargo com pelo menos 50% de cacau, pois além de conter o triptofano, possui outros benefícios”, sugeriu a professora Tatiane.

Doces em geral: Pode ser deficiência de triptofano no organismo, que desencadeia ansiedade, depressão e irritação. “Além disso, estudos relatam que períodos longos em jejum induzem uma maior produção de um hormônio chamado grelina e este induz o indivíduo a procurar alimentos de maior densidade energética”, disse Tatiane. Segundo ela, a queda de glicose também faz o indivíduo buscar os doces, pois eles têm uma rápida absorção e conseguem aumentar a glicose sanguínea em um curto espaço de tempo. A sugestão é compensar a carência de triptofano com cereais, frutas, verduras e carnes magras. Sorvetes de fruta ou mousse também são opções, disse Roberta.

Comida: Após preencher várias refeições com lanchinhos, surge aquela vontade de comer comida “de verdade”: arroz, feijão, salada e uma carne. “Pode ser sinal de que o corpo está sentindo falta de pratos mais elaborados”, disse Roberta. De acordo com Tatiane, os lanches, na maioria das vezes, são à base de carboidratos simples. “Têm rápida digestão e, principalmente devido ao baixo conteúdo de fibras, induz a fome mais precocemente. Indiretamente acontece a procura por uma refeição completa”, explicou Tatiane.

Pizza: A vontade de comer pizzas e massas pode estar relacionada com redução de glicose séria, disse Tatiane. Outro problema pode ser a queda no triptofano e consequência deficiência de serotonina e desequilíbrios nos níveis de insulina. Para não ganhar quilos extras devorando uma pizza inteira, reponha os nutrientes com pães integrais, biscoitos, arroz e cereais.

Queijo: O desejo por comer queijo ou alimentos recheados com ele, pode significar a falta de cálcio no organismo. De acordo com Roberta, um adulto precisa de 1200mg de cálcio por dia, que equivale a: um copo de leite desnatado, 1 fatia de queijo minas fresco, 200 ml de iogurte, quatro colheres de espinafre cozido e duas colheres de sopa de couve refogada.

Hambúrguer e fritas: “Nem sempre a vontade de comer determinado alimento está relacionada a uma deficiência, pode ser apenas uma vontade mais caracterizada com a gula, ou vontade emocional, do que com a fome fisiológica”, disse Tatiane. O estresse e longos períodos sem se alimentar podem causar este desejo. A sugestão da professora é fazer de quatro a seis refeições diárias, para manter o organismo equilibrado.

Leite: A vontade de tomar leite pode estar relacionada à deficiência de cálcio, nutriente essencial para a formação dos ossos e dentes, segundo Tatiane. O consumo de leites e derivados de forma equilibrada ajuda a suprir a falta.

Tomate: De acordo com a nutricionista Roberta, sentir desejo em comer tomates, pode ser um sinal do cérebro de que está faltando potássio no organismo. A banana é uma fruta que auxilia na reposição da substância.

Frutas cítricas: “Pode significar a deficiência de vitamina C”, disse Tatiane. As pessoas também costumam ingerir frutas ácidas após refeições pesadas, pois elas ajudam na digestão e são refrescantes, informou a professora Fernanda. De acordo com Roberta, o abacaxi tem bromelina, que ajuda na digestão da proteína, por isso é bastante consumido em churrascarias.

Café:A vontade de tomar café pode indicar a queda da dopamina, um neurotransmissor da motivação. A pessoa começa a ficar cansada e toma café, pois a cafeína ajuda a estimular o sistema nervoso central, disse a nutricionista Roberta.

Água: Desejo por tomar muita água, na maioria das vezes, é um sinal de desidratação, segundo Tatiane. O calor intenso, baixo consumo de líquidos ao longo do dia e o consumo de comidas salgadas podem causar a sede. “Uma pessoa que pratica exercícios intensos,perde sais minerais e água. Quando termina, precisa beber sucos, água e repositores. É o corpo sinalizando para repor o que perdeu nos exercícios”, exemplificou Roberta. A sede exagerada por ser um sintoma de problema glicêmico. O ideal é consumir de 1,5 a 2 litros de água por dia.

Frutas em geral: “A vontade de comer frutas pode sinalizar a redução de diversas vitaminas e minerais no nosso organismo”, disse Tatiane. Além da queda de carboidrato ou glicemia e até mesmo a desidratação, completou. O ideal é o consumo de quatro a cinco frutas variadas por dia, pois isso irá contribuir para a adequação da ingestão de vitaminas, minerais, água e fibras.

Carne vermelha: De acordo com Roberta, as carnes são fonte de ferro, quando uma pessoa faz dieta restritiva ao alimento, o cérebro pode pedir por esta substância e induzir o desejo pelo consumo de carne. A falta de ferro pode causar anemia.

Feijão: Feijão também é uma importante fonte de Ferro, portanto, a necessidade de consumo dos grãos pode sinalizar a deficiência do mineral, segundo Tatiane.

As entrevistadas pelo Terra disseram que não existe e uma regra para a relação entre o desejo por alimentos e a falta de substâncias no organismo. No entanto, os sintomas citados na reportagem são observados no dia-a-dia das profissionais. A professora de Nutrição, Fernanda Correa, afirmou que é necessário um exame de sangue ou exame de história dietética – que analisa o balanceamento alimentar do indivíduo – antes de diagnosticar a subnutrição. “Tomar suplementes sem indicação médica por causar intoxicação, cada substância em excesso tem um efeito colateral”, concluiu.

**TERRA

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