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O sambista carioca Martinho da Vila comemora quarenta anos de carreira
Martinho José Ferreira, nascido na Fazenda do Cedro Grande, mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha quatro anos. O filho de lavradores, após trabalhar como auxiliar de químico industrial, ser sargento burocrata e contador, aos 32 anos, trocou mais uma vez de profissão e o sobrenome Ferreira por “da Vila”. Assim, em 1967 nasce o sambista Martinho da Vila.
Em seu primeiro disco, lançou músicas que são sucesso até hoje, como “O Pequeno Burguês”, “Quem é do mar não enjoa”, que há 40 anos atravessa gerações e não perde espaço nas rádios brasileiras. “Casa de Bamba”, regravada por Jair Rodrigues, e ainda a canção “Pra que dinheiro” também compõe o primeiro CD de Martinho da Vila. Martinho conta que muitas das músicas dele são inspiradas em sua vida, porém não revela quais.
A partir daí, não demorou ao cantor ganhar respeito no mundo artístico e conquistar um grande número de fãs, comprovado em 1995, quando foi o primeiro sambista a vender mais de um milhão de cópias do CD Tá delícia, Tá gostoso (1995). O samba de Martinho também marcou muitas novelas como as músicas “Lembranças” – tema da novela Ti ti ti (1985), “Devagar, Devagarinho” de Vira-lata (1996), “Mulheres” tema de O Clone (2001), o dueto com Simone “Ex-amor”, tema de Celebridade (2003) e “Quando Essa Onda Passar” e “Feitiço da Vila”, temas de América (2005).
Em 2009, com 40 anos de carreira, ele lança o CD e DVD “O Pequeno Burguês”. “Bolei O Pequeno Burguês porque o show conta a história da minha carreira”, explica Martinho. O repertório traz sucessos de seu primeiro CD e percorre toda sua trajetória no meio musical. Martinho conta que o show de lançamento é informativo e divertido. “Tem muitas músicas que as pessoas gostam e conhecem, porém de um jeito diferente. Eu vou cantando e conversando com o público”, diz.
Apaixonado por samba, Martinho tem uma dedicação de 40 anos à escola de samba de coração – Unidos de Vila Isabel. O artista já compôs mais de dez sambas enredos, entre 1967 e 2001. Esse ano, ele conta que vai desfilar na frente da escola, “Vou representar o jornalista João do Rio,” explica. João do Rio atuou como cronista, escritor, teatrólogo e no jornalismo de 1899 a 1921, quando morreu. O carioca representa a transição do jornalismo no século XX e é uma figura respeitada no Rio de Janeiro.
Mas a arte não para por aí. Além de cantor e compositor, Martinho da Vila tem mais de oito livros publicados, que tratam de temas como política, música, cultura e futebol.
A mais nova publicação se chama “A Serra Rola-Moça”, inspirada num romance de Mário de Andrade. O lançamento acontece dia 12 de fevereiro, no Rio, e dia 19, em São Paulo.
Em meio a tudo isso, Martinho revela seu lugar especial para descansar. Com um falar cantado, ele conta que seu retiro é na fazenda onde nasceu, a qual agora é proprietário: “Quando vou pra lá, não faço nada, só curto a natureza”.
De Geração para geração
Por obra da genética ou não, dos oito filhos de Martinho, Martnália Mendonça e Tunico Ferreira seguiram a carreira musical.
Martnália, hoje com 43 anos, começou cantando como backing vocal nas músicas de Martinho, antes mesmo de completar 18 anos. Considerada a “pupila” da MPB por Caetano Veloso, a cantora ganhou forte apoio dele e de Maria Bethânia, o que contribuiu para o sucesso dos álbuns “Pé do meu Samba” e “Menino do Rio”. Hoje, a artista já percorreu países e cantou ao lado de nomes como Zélia Duncan, Lenine, Caetano e, claro, ao lado do seu pai Martinho da Vila.
Já Tunico demorou um pouco mais para se lançar à música. Começou como percussionista na banda do pai nos anos 90 e, no final de 2003, lançou seu primeiro CD como cantor e compositor. Martinho acredita que pode ter um papel na escolha dos dois pela música, porém, afirma que o talento já nasceu com eles. “Isso me faz um homem muito feliz e um pai cheio de orgulho”, desabafa.
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