ENTRETENIMENTO LIFESTYLE

Produtor musical é exemplo de superação

Após dias à beira da morte e amputação dos membros, Pedro Pimenta, 20 anos, luta pela carreira musical

Pedro Pimenta sempre foi daqueles jovens com agenda lotada, cheio de saúde e energia. Aos 18 anos, apesar de repudiar a ideia de trabalhar de terno e gravata dentro de um escritório, fazia cursinho para prestar vestibular de administração. Mas uma doença, a meningococcemia, mudou seus planos.

Em setembro de 2009, Pedro teve um mal-estar e foi levado ao pronto-socorro do hospital Albert Einstein, em São Paulo. O que, à primeira vista, parecia simples, deixo-o à beira da morte. “Acordei já no hospital e fiquei internado por cinco meses e quinze dias”, conta. Ele teve meningococcemia, um tipo de meningite bacteriana que causa infecção generalizada e o deixou em coma por sete dias. A doença também levou à amputação de parte das pernas e braços.

Em vez de se lamentar, Pedro usou o tempo internado no hospital para produzir música eletrônica. “Eu sempre quis ser DJ e produtor musical e o que aconteceu me fez seguir meu sonho”, afirma. “Eu podia ter ficado deprimido, querer morrer, mas decidi trabalhar dia e noite, me concentrei nisso”, relata. E tamanha dedicação à música foi o que o levou a seguir adiante.
Os acordes da guitarra que gostava de tocar tiveram de ser deixados para trás, assim como alguns outros hábitos. Mas nem por isso ele se ressente. Ao contrário. Quem vê o rapaz bem humorado e de atitude positiva frente às limitações se surpreende. “A música salvou a minha vida”, diz, feliz por ter encontrado essa solução.

Seu primeiro obstáculo, vencido com a ajuda dos pais e dos médicos, foi assistir ao show de rock de sua banda predileta, o AC/DC. De maca, enfaixado e toca que estampava o nome da banda, ele foi levado de ambulância ao estádio do Morumbi, onde assistiu emocionado e surpreso ao show.

Em fevereiro de 2010, logo que saiu do hospital, Pedro viajou para Chicago, nos Estados Unidos, a fim de estudar produção musical e discotecagem. “Coloquei minhas fichas na música, meu foco é produção e reabilitação”, conta.

A amputação dos quatro membros não é vista como uma barreira na luta pelo seu lugar na cena eletrônica ou como um empecilho à realização de seus sonhos. Pedro vive com os pais em Alphaville, Grande São Paulo, onde também está localizado seu estúdio de som. Ele trabalha na produção de house music e hoje ganha cada vez mais reconhecimento nacional e internacional. Como DJ, já foi convidado para se apresentar em outros estados brasileiros e nos EUA. “Por enquanto tive que recusar, mas em maio já começarei a fazer algumas coisas”, revela.

Desde dezembro de 2010, o jovem utiliza próteses para facilitar os movimentos. Além do trabalho, pretende fazer uma faculdade de engenharia do som ou de prótese nos Estados Unidos.
Ao olhar para trás, o jovem de apenas 20 anos, acha que parece ser 20 anos mais velho e diz que sua trajetória lhe trouxe uma nova forma de pensar. “Ganhei mais sensibilidade para ajudar o próximo e uma filosofia de vida que visa aproveitar mais cada coisa, instante. Hoje eu agradeço por viver”, conclui.

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