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“Toda criança nasce desenhando, alguns param de senhar, outros continuam, eu continuei”, diz o pai da Turma da Mônica.
Nascido no interior de São Paulo, a paixão por gibis chegou cedo à vida de Maurício de Souza. Foi com as revistas em quadrinhos que o desenhista aprendeu a ler, antes de ingressar na escola. Adolescente, foi a São Paulo procurar emprego, levando, é claro, seus desenhos. “Não consegui vaga em nenhum lugar, nem revista, nem jornal, nada, porque meus desenhos ainda estavam meio toscos”, lembra.
Ao chegar a um jornal de grande porte, foi aconselhado a preencher outra vaga, enquanto aperfeiçoava os desenhos, para mais tarde apresentá-los aos futuros colegas de trabalho. “Na realidade, nunca pensei, nem sonhei em ser repórter policial na vida (…) Entrei na reportagem para fazer amizades, passar o tempo, ter um salário, enfim, fazer a minha parte social junto ao pessoal do jornal e deu certo”, conta ao O Estado RJ. Após cinco anos, quando Mauricio se sentiu preparado, voltou a apresentar seus desenhos ao mesmo jornal. “Pedi demissão da reportagem e virei desenhista de histórias em quadrinhos”.
De acordo com Mauricio, sua passagem pelo jornalismo ajudou muito na redação das histórias. Ele conta que antes de entrar no jornal, para escrever uma pequena história, gastava cerca de quarenta páginas. “Quando entrei, tinha que fazer o texto caber no espaço que o jornal tinha”, explica.
Ele aprendeu a enxugar seu texto e quando iniciou as histórias em quadrinhos sua escrita estava com um estilo adequado para os balões. “Agradeço a minha passagem pelo jornalismo por ter me tornado roteirista e escritor, senão talvez eu fosse apenas um desenhista”.
Hoje, com cinquenta anos de Turma da Mônica, o autor não acredita que o mercado de gibis tenha se retraído. Segundo ele, há quarenta anos as vendas de seus gibis atingem de dois a três milhões por mês. De acordo com Mauricio, ter bons personagens, de personalidades marcantes e buscar temas interessantes quase que obriga o resultado de uma boa historia. “Acho que a nossa atenção, nosso cuidado em estar junto do público é um dos fatores para que a Turma da Mônica tenha essa longevidade”.
Além disso, Mauricio conta que se preocupa muito com os personagens, não os deixa envelhecer e fica atento às criticas do público. Segundo ele, a maioria dos personagens da turminha são inspirados em pessoas reais, e a escolha acontece de forma acidental. “Vou conhecendo a pessoa e de repente me deparo, aí vem a ideia”.
Há cinquenta anos tendo suas criações viajando pelo mundo, Maurício revela seus projetos para o futuro. Apesar dos entraves do alto custo, um deles é trazer a Turma da Mônica para a televisão aberta brasileira, como já está presente em outros países. Mas o principal é iniciar projetos na área da educação. Um de seus maiores desejos é que haja ensino suficiente para crianças e jovens usufruírem de seus direitos e deveres num mundo melhor. “O pacote do governo ainda não está me agradando, prefiro alguns pacotes particulares que estão surgindo no Brasil aos quais eu quero me juntar”, encerra.
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