CRIME

Réu pega 14 anos de prisão por matar rapper Sabotage

Após mais de 14 horas o júri formado por três mulheres e quatro homens decidiu pela condenação do réu Sirlei Menezes da Silva pela morte do rapper Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, em 24 de janeiro de 2003. Silva foi sentenciado a 14 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. As duas qualificadoras propostas pelo Ministério Público, motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, foram reconhecidas pelos jurados. O julgamento aconteceu no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo.

O defensor público Marcelo Carneiro Novaes afirmou, momentos após a leitura da sentença, que irá apresentar recurso pedindo a anulação do júri “o mais breve possível”. Ele disse respeitar a decisão dos jurados, mas que discorda da produção de provas e de como foi conduzido o julgamento, já que os nomes das testemunhas só foram apresentados ao réu na segunda-feira.

Julgamento
O julgamento do acusado de matar o rapper Sabotage começou na segunda-feira, às 15h, e terminou nesta terça-feira, às 18h. Durante estes dois dias, cinco testemunhas foram ouvidas, três de defesa, uma de acusação e uma compartilhada. Nos depoimentos foi alegado que Sirlei Menezes da Silva é um temido traficante de uma comunidade na zona sul de São Paulo e que ele teria feito uma festa para comemorar a morte do Sabotage.

O réu também depôs na tarde de segunda-feira e negou a autoria do crime. Ele disse que estava indo visitar a sua mãe no hospital no dia da morte do cantor e que só confessou na delegacia pois foi torturado por policiais.

Durante a sessão, o promotor Carlos Roberto Talarico usou dos depoimentos das testemunhas que acusaram Sirlei de fazer parte do tráfico para mostrar a culpa do réu. Talarico questionou álibi de Sirlei, já que no hospital não há registro de visitas e, portanto, não haveria como provar que ele estava lá. A tese do promotor se baseou na suposição de que Sirlei era um traficante e matou Sabotage por vingança.

Já o defensor público Marcelo Carneiro Novaes questionou a falta de perícia no revólver calibre 38 encontrado na casa do réu e apontado como a arma do crime. Novaes ressaltou a distância entre Suzano, cidade ao leste de São Paulo, onde Sirlei morava, e a região onde ocorreu o crime, na zona sul da capital.

O defensor afirmou também que o processo era uma “maracutaia”, pois não possui qualquer prova objetiva que incrimine o réu. As duas partes fizeram uso do direito à réplica e tréplica.

O caso
Sabotage foi morto no dia 24 de janeiro de 2003, no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo. Após deixar a mulher, Maria Dalva da Rocha Viana, no trabalho, Sabotage iria ao aeroporto de Congonhas onde embarcaria para Porto Alegre. No caminho, ele levou quatro tiros: dois na coluna, um na mandíbula e um próximo ao ouvido. Ele foi levado ao Hospital São Paulo por volta das 6h da manhã e morreu horas depois.

O músico, aos 29 anos, estava no auge de sua carreira. Com duas passagens pela polícia, por tráfico e porte de drogas, Sabotage largou o crime quando começou no rap. Ele lançou o CD O Rap é Compromisso, em 2001, e participou dos filmes O Invasor e Estação Carandiru.

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