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Deve ser aprovada nesta semana pelo Senado a doação de R$ 25 milhões à Autoridade Nacional Palestina. O dinheiro é destinado à reconstrução da Faixa de Gaza e, segundo especialistas em relações internacionais, a iniciativa faz bem à imagem do Brasil no exterior. De autoria do governo federal, o projeto já teve aprovação na Câmara dos Deputados chegou a entrar na pauta de votação da última quarta-feira, dia 16.
Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Antônio Jorge Ramalho, as doações são tão benéficas para a diplomacia brasileira quanto para a região conflagrada. “É uma maneira de reduzir a escassez, sobretudo porque será algo voltado para as questões humanitárias. Há a confiança de que as doações serão destinadas à população. Reduzindo-se as tensões, reduzem-se os conflitos”, projeta.
“A postura de ajuda à Faixa de Gaza nunca terá conteúdo negativo. O Brasil está dando ajuda humanitária aos que precisam”, diz Cristina Pecequilo, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista.
Questionado sobre os efeitos que esta iniciativa, somada à mediação de um acordo nuclear com Irã em maio, pode ter nas relações com os Estados Unidos (aliados de Israel e maiores críticos do enriquecimento de urânio no Oriente Médio), Ramalho diz não acreditar em prejuízo ao Brasil. “Os americanos acompanharam todo o processo. Simplesmente, eles têm uma visão cética quanto ao programa iraniano. Mas eles mesmos dão auxílio à Faixa de Gaza”, ressalta.
O embaixador israelense no Brasil, Giora Becher, teme que os recursos caiam nas mãos do Hamas – movimento considerado uma organização terrorista por Israel. “Queria ter certeza que o dinheiro não será para o Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Gostaria que esta assistência seja para a reconstrução de Gaza e não para operações militares do Hamas”, diz.
Para o embaixador palestino, Ibrahim Alzeben, a possível ajuda é mais uma mostra de que o Brasil tem condições de fazer uma mediação do conflito com Israel. Ele elogia a ¿postura solidária¿ do Brasil. “O Brasil é um país muito importante, tem presença internacional, tem boa relação com Israel e com a Palestina, então acreditamos, sim (que o Brasil pode mediar a paz entre palestinos e israelenses).”
Reconstrução custaria US$ 2 bi
Na mensagem enviada ao Congresso Nacional, o Executivo alega que a situação econômica e humanitária na Faixa de Gaza é crítica. Segundo o governo, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que são necessários US$ 613 milhões para ajudar a população da região em questões urgentes, como alimentação, construção, infra-estrutura e saúde.
As autoridades palestinas estimam o custo total da reconstrução de Gaza em cerca de US$ 2 bilhões, a serem empregados em até cinco anos, conforme relata o Executivo. O Ministério das Relações Exteriores cita ainda dados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, segundo os quais existem 900 mil pessoas na região que dependem da distribuição de alimentos. O governo relata que há alto número de famílias deslocadas, já que 20% das habitações em Gaza foram parcial ou inteiramente destruídas.
Doações
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, enquanto em todo o ano de 2009 o Brasil fez US$ 67 milhões em doações humanitárias internacionais, nos primeiros meses deste ano o orçamento para tais ações chegou a mais de US$ 354 milhões – sendo US$ 340 milhões só para o Haiti.
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