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Geração ‘touch’: como o uso de tabletes e celulares afetam as crianças

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Nos últimos 20 anos, a tecnologia tomou conta das atividades das crianças, as brincadeiras passaram a ficar mais individuais e virtuais. Desde a primeira infância, meninos e meninas não apenas interagem com jogos eletrônicos, como também usam sem dificuldade smartphones e tablets. Embora a tecnologia tenha aumentado a velocidade do processamento de informação que as crianças têm hoje em relação a algumas décadas atrás, segundo a psicóloga Carolina Magro de Santana Braga, ela influencia diretamente no comportamento e relação dos pequenos com o mundo.

“Com a tecnologia, quem está no comando é sempre a criança, ela controla o nível de dificuldade dos jogos e os vídeos que irá assistir. Isso causa uma ilusão de controle e prejudica a capacidade de relacionamento”, explicou Carolina, especialista em desenvolvimento familiar. Segundo ela, a presença da tecnologia na infância cria uma geração que encontra cada vez mais dificuldade em “esperar a sua vez”. Outros impactos incluem perda na parte motora, percepção de profundidade, dificuldade na alfabetização e diminuição da qualidade do sono devido ao estímulo luminoso desses aparelhos.

A educadora infantil Pamela Lenhari afirmou que o uso excessivo de jogos eletrônicos e aparelhos como tabletes e celulares diminui o contato com o mundo real, interação com outras crianças e dificulta o desenvolvimento de ações simples como correr e pular. A tecnologia, porém, não é uma vilã na educação infantil. Segundo Pamela, muitos jogos auxiliam no raciocínio e são uma forma de entretenimento para os pequenos. “O uso de aplicativos é uma ferramenta que as próprias escolas estão começando a explorar”, acrescentou Carolina.

“A diferença entre o veneno e o remédio é a dose, não é mesmo?”, disse a psicóloga Carolina Magro de Santana Braga.

“Usar celulares e tabletes pode ajudar no desenvolvimento das crianças, mas é necessário dosar esse tempo e analisar a faixa etária dos aplicativos para conquistar os objetivos desejados”, afirmou Pamela, que considera até uma hora por dia o tempo ideal para o uso de aparelhos eletrônicos na infância. É importante que os jogos educativos nos tabletes não sejam a única forma que a criança brinca e que eles não atrapalhem os momentos em família, reforçou Carolina. “Eles (os filhos) precisam da atenção dos pais, contato de pele, olho no olho”, acrescentou Pamela, que é mãe de Lorenzo, 3.

A agente de turismo Giovana Lima convive diariamente com os sobrinhos Rafaela, 3, e Gustavo, 2, e junto com a família tenta estimular brincadeiras “no mundo real”. “O uso de tabletes e celulares é inevitável, pois eles veem quatro pessoas com o celular na mão, querem também. Mas a gente sempre fala ‘vamos brincar de tal coisa?’, pedimos para pegar brinquedos para entreter, damos uma enganada para brincar com outras coisas que não sejam aparelhos eletrônicos”, contou.

A tarefa não é fácil, reconhece Carolina. “Na prática clínica vejo muitas crianças queixando-se do uso dos celulares pelos próprios pais, assim elas repetem o comportamento que assistem”, disse. Até os dois anos de idade é importante que brinquedos simples, como lousa e giz para desenhar, algo para montar, instrumentos musicais, entre outros, estejam presentes, pois é o período de desenvolvimento “sensório-motor”. “Quanto mais conseguirmos adiar o início desse contato tecnológico, melhor”, concluiu Carolina.

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