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Ele nasceu em novembro de 1991 no Iraque, com deformação congênita nos braços e pernas, ficou órfão de guerra, junto a mais três irmãos, e passou os primeiros anos de vida em um orfanato em Bagdá. Ahmed Kelly é mais uma das vítimas afetadas pelo uso de munições de urânio empobrecido durante a Guerra do Golfo, que terminou no ano de seu nascimento. Mas graças ao que ele chama de um “milagre” ocorrido em 1998, a vida de Ahmed deu uma reviravolta: foi adotado, levado para aAustrália, passou por cirurgias e fisioterapia, e nas próximas semanas representará o país dos cangurus nas Paralimpíadas no Brasil. “Eu não sei o que seria de mim hoje sem a ajuda que tive”.
O nome do “milagre” de Ahmed é Moira Kelly, uma ativista prestigiada na Austrália conhecida internacionalmente por ajudar crianças. Moira não adotou apenas Ahmed, mas levou do orfanato Madre Teresa, em Bagdá, também o irmão Emmanuel, que nasceu com deformação congênita nos braços e pernas, e as irmãs gêmeas siamesas Krishna e Trishna. Ahmed e Emmanuel tiveram acesso a tratamentos e cirurgias na Austrália, e hoje conseguem caminhar com o auxílio de próteses.
“Andar como as outras pessoas” sempre foi o sonho de Ahmed e mesmo sentindo “muita dor”, como conta em suas palestras motivacionais para universitários, ele não desistiu. Assim que conseguiu se adaptar às próteses, quis ir mais longe e passou a jogar futebol. Em 2008, Ahmed, conhecido como Liquid Nails por amigos e fãs, trocou o gramado pela piscina. Em 2010, ele quebrou recorde mundial nos 100 metros nado peito, repetindo o feito em 2011. No ano seguinte, Ahmed participou das Paralimpíadas em Londres, representando a Austrália.
“Eu estou tão orgulhosa, qualquer mãe de um atleta paralímpico sabe o quanto eles batalham por isso. Ahmed trilhou um caminho duro desde pequeno no orfanato Madre Teresa no Iraque, e ver como ele segue seus sonhos com amor e dedicação é um presente maravilhoso que qualquer um sentiria orgulho”, disse Moira. A mãe mantém uma relação próxima com o filho e contou que Ahmed surpreende por sua bondade e sabedoria, apesar de ter apenas 24 anos.
Para as Paralimpíadas, Ahmed conseguiu patrocínio do Victoria Institute of Sport, em Melbourne, e está levando uma rotina rigorosa de treinos focada em ganhar o ouro para a Austrália. Quando não está em períodos de campeonato, Ahmed ajuda na organização da casa, cuida das irmãs, faz a despesa no supermercado, além de ser parceiro de filmes da mãe. Esse ano, porém, no horário em que a família acorda, Ahmed está voltando para casa após o primeiro treino do dia. “Todos estão muito animados, nós estamos vivendo e respirando esse desafio na vida de Ahmed”, contou Moira que acompanhará o filho, junto a Emmanuel, o avô e quatro amigos da família ao Brasil para o campeonato mundial.