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Jordon Milroy, 25 anos, já subiu mais de 4 mil degraus para arrecadar fundos e doar cadeiras de rodas à população de ilha no Pacífico
O primeiro passo veio mais tarde do que para outras crianças, as primeiras palavras precisaram de mais treino do que apenas o incentivo dos pais e coordenar os movimentos para as anotações na escola era uma batalha diária. A infância de Jordon Milroy, diagnosticado com paralisia cerebral nos primeiros dias de vida, foi repleta de desafios e viver em uma ilha isolada no Pacífico, Samoa, parecia tornar o sonho de “uma vida normal” ainda mais distante. Aos 18 anos, ele decidiu não só superar a deficiência imposta ao seu corpo, mas ajudar os que estavam em condições semelhantes. Arrecadando fundos para comprar cadeiras de rodas para o povo de Samoa, Jordon passou de vítima a herói.
A falta de coordenação motora, dificuldade de movimentos e na fala continuavam com ele, mas não superaram a determinação de colocar o projeto “Climb for Awareness” em ação. Jordon fez as malas e se mudou para a Nova Zelândia, onde estabeleceu o primeiro desafio de levantamento de fundos: chegar ao topo da Sky Tower, torre de 328 metros de altura em Auckland. Ele alcançou o objetivo em 2012 em pouco mais de meia hora e arrecadou cerca de R$ 6 mil. “Foi como me tornar uma pessoa real, hoje em dia me aceitam como eu sou e sei que sou capaz de qualquer coisa”, disse.
Desde então, Jordon já subiu ao topo de oito torres. Entre elas, a Eureka Tower, em Melbourne, com 1.800 degraus, em 70 minutos, quando se tornou a primeira pessoa com paralisia cerebral a concluir o percurso; e a gigantesca Burj Khalifa, em Dubai, com 3.234 degraus. Também estão na lista de desafios concluídos o Empire State, em
Nova York (1.880 degraus), a Torre Eiffel (793 degraus), e o arranha-céu One Canada Square, na Inglaterra (4.330 degraus). “Eu amei cada um dos desafios e deixei minha deficiência no primeiro degrau”, lembrou.
As superações de Jordon refletiram na mudança de vida de 16 pessoas em Samoa, que foram presenteadas com cadeiras de rodas especiais e resistentes. “Foi o melhor sentimento do mundo” disse. A falta de adaptação para deficientes nas ruas e o solo irregular de origem vulcânica dificultam a locomoção na ilha, além de reduzirem a vida útil de uma cadeira de rodas simples a menos de um ano, segundo Jordon. Ajudar alguém traz uma recompensa “tão poderosa”, que ele definiu como “propósito de vida”. “Meu lema é sonhe, trace objetivos e não importa o que as pessoas te digam, simplesmente faça isso”, acrescentou.
Samoa está localizada entre o Havaí e a Nova Zelândia – país do qual conquistou independência nos anos 1960 – e tem, aproximadamente, 190 mil habitantes. Apesar de o objetivo inicial do projeto de Jordon ser focado em seus conterrâneos, os próximos passos são conseguir arrecadar fundos equivalentes a 1 mil cadeiras de rodas (valor aproximado de R$ 450 mil) e começar uma fundação especializada no fornecimento do equipamento para deficientes ao redor do mundo. “Vou subir ao topo de quantas torres e prédios forem necessários”, concluiu.