CRIME

Nardoni: último dia do julgamento caminha para incerteza de condenação

Interrogatório do casal Nardoni será determinante na decisão dos jurados

“De um lado é a força dos indícios, do outro a dubiedade dos laudos”, é o que afirmou o advogado criminalista Luiz Flávio Gomes, sobre o que acontecerá daqui para frente.
O que comprova o dito pelo também jurista é a contradição em que a delegada responsável do caso, Renata Pontes, caiu no segundo dia de julgamento.
“A cada dia da investigação tive plena certeza de que o crime foi de autoria do casal Nardoni”, disse durante interrogatório da promotoria.
Ela contou que ao receber a denúncia se dirigiu ao local apenas com a certeza do óbito. Após conversar com os legistas, chegou à conclusão de que se tratava de homicídio.
De acordo com a investigadora, quando ela chegou ao Edifício London, local do crime, viu o ferimento na testa de Isabella Nardoni.
Foi provado que a menina sofreu esganadura antes da queda.
Os primeiros a depor foram Alexandre Nardoni e Anna Jatobá. Renata também ouviu o porteiro, moradores do prédio e vizinhos durante a investigação. No entanto, desconsiderou as denúncias anônimas e vários nomes de uma lista de testemunhas apresentada pela defesa.
“Antes da queda, as únicas pessoas que tiveram contato com a Isabella foi o casal. Se tivessem dez pessoas no apartamento, as dez seriam averiguadas”, justifica a delegada sobre o que a levou a chegar à autoria.

Conclusões do laudo
“Como a senhora sabe que a tesoura foi utilizada para cortar a tela?”, perguntou Roberto Podval, advogado da defesa, no segundo dia do julgamento.
Renata Pontes afirmou que existiam fibras da mesma tela da janela, pela qual Isabella caiu, no objeto.
Quando Podval perguntou se Renata tinha conhecimento de quem mexeu na tesoura, ela respondeu: “Eu não tenho conhecimento de quem mexeu”. O advogado, então, questionou o porquê a delegada não requereu o exame das impressões digitais dos objetos. Renata respondeu que esta decisão era dos peritos e que não podia passar por cima do trabalho deles.
A situacão da investigadora se complicou quando questionada sobre a perícia na chave do apartamento, ela afirmou que o exame não foi feito pois seria inconclusivo. Já que a defesa, se fosse encontrado sangue no objeto, poderia alegar que a chave encostou no sangue presente dentro do apartamento. Também disse que não sabia quantas chaves existiam.
Perguntado se tinha conhecimento ou se requisitou a chave, a primeira resposta foi negativa. Porém, pressionada, confessou que a chave foi entregue e ficou sob sua responsabilidade durante um período.

Versão contraditória
Ao contrário do declarado por Renata Pontes, a perita que elaborou o laudo que incrimina o casal Nardoni, Rosângela Monteiro, afirmou que os vestígios de sangue encontrados pertenciam à vítima. O depoimento da perita no terceiro dia do julgamento foi considerado um dos mais importantes para o contexto do caso.
Como dito por Podval, várias testemunhas foram dispensadas. “A intenção é terminar o mais rápido possível, até sexta-feira, por isso as testemunhas serão cortadas”, disse o advogado no intervalo para o almoço, no terceiro dia do julgamento.
Com isso, o interrogatório dos supostos assassinos acontecerá nesta quinta-feira (25). O pedido de acariação entre os réus e a mãe da vítima foi requerido pela defesa na quarta-feira (24), mas ainda aguarda a decisão do juiz Maurício Fossen.

Momentos finais

Segundo o Tenente Coronel Souza, a Polícia Militar espera o dobro de pessoas presentes comparado à quarta-feira. Por isso, reforçou a equipe. A primeira pessoa chegou às 19 horas da quarta-feira para ficar na fila dos populares. Antes das cinco da manhã já havia mais de 60 pessoas aguardando senha.
Às 8h36, Anna Jatobá chegou escoltada pela polícia. Minutos depois o veículo que transportava Alexandre Nardoni entrou no Fórum de Santana. A chegada foi tumultuada pelos inúmeros jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos que aguardavam no portão. O julgamento iniciou por volta das 10h45, com o depoimento de Alexandre Nardoni. Anna Jatobá foi retirada da sala.
A sentença caberá aos sete jurados, quatro mulheres e três homens, todos com idade entre 25 e 35 anos.

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