Usa primer, sapatos Prada e já até comprou uma bolsa Chanel. Quem? Ele mesmo, Marcelo Tas. Realmente não parece uma descrição do homem de terno preto que comanda o programa sociopolítico CQC da TV Band, imortalizado na fantasia do personagem Professor Tibúrcio do programa infantil Rá-Tim-Bum (1990). Mas Marcelo Tas também tem seu lado fashion, ou “fashionete”, como ele aprendeu com fãs de Jundiaí durante o SPFW, nesta terça-feira (30). O também blogueiro do Terra conferiu o segundo dia da semana de moda paulistana e ganhou lugar privilegiado na primeira fila do desfile da Colcci.
Para o evento, escolheu um look “básico”: camisa branca, calça xadrez, bolsa de mulher e sapatos pretos Prada. “Sou um homem simples. Tenho uma cara tão manjada que não é bom abusar muito na roupa”. “Estou vindo de uma rotina de doideira, não sei se estou elegante”, comentou logo na entrada do evento e mostrou sua bolsa preta a tira colo: “só uso bolsa de mulher, depois que eu descobri, só de mulher”. Bem humorado e cheio de sacadas, não perdeu a oportunidade de brincar com um grupo de mulheres vindas de Jundiaí, as “fashionetes”. “Vieram todas juntas de van?” e emendou: “vocês têm coragem de comprar o que eles mostram aqui?”. A cada passo que Tas ensaiava, uma nuvem de fãs e repórteres chegava para fotos e entrevistas.
Quando foi caracterizado como “intelectual”, alertou que a palavra tem que ser usada com cuidado, senão vira “palavrão”. “Sou hétero, estou meio fora de moda. Mas todo mundo tem interesse em moda, sou frequentador sazonal do SPFW”, afirmou. O lado fashion do apresentador se deve à modelo Mariana Weickert: “ela me inseriu nisso, quando eu vim com ela todas
as portas se abriam, claro que já conhecia o SPFW, mas passei para outro nível do joguinho. É igual conhecer a Disney com o Mickey”. Em tom mais sério, disse: “muita gente vê a moda de forma superficial, mas aqui a gente vê um espetáculo de teatro”.
Consumismo na Argentina: “comprei uma bolsa Chanel”
Já na sala de imprensa, junto à equipe do Terra, Tas contou que apesar de ter a cueca como peça de roupa preferida e não gostar de marcas, já caiu nas graças de grifes famosas: “teve uma vez que me entusiasmei no free shop de Buenos Aires e comprei uma bolsa Chanel” – ele já havia descoberto o gosto pelo acessório feminino. Ela era brilhante e tão extravagante que Tas até levou uma bronca da mulher. “Deixei pendurada um tempo para analisar e vi que era ridícula, que tinha ultrapassado o limite. Dei para minha mãe, que já achou extravagante”.
“Sou um nerd em sapatos”
Se tem algo que precisa de visto para entrar no guarda-roupa do Tas são os sapatos. Não é à toa que apesar da “calça de brechó” e camisa comprada na “25 de março de Nova York”, ele foi com os pés vestidos de couro italiano da marca Prada, que costuma cobrar belos quatro dígitos pelos calçados. “Sou um nerd em sapatos”, disse ele. Mas a grife preferida do apresentador é a norte-americana SAS Shoes: “tem três modelos e são horríveis. É pior que o Croc, mas são confortáveis”.
A preocupação com os pés tem motivo: Tas fraturou os dois calcanhares durante uma pauta na Amazônia. “Pulei de um lugar muito alto, calculei mal”, disse ele, que ficou com os dois pés engessados e fez várias cirurgias. “Deu tempo para
pensar bastante”, lembrou. As outras peças só precisam de um pré-requisito: ser simples. “Sou um rapaz mais clássico. Camisa branca e sapato”, contou. “Se eu vou convidar alguém para jantar, visto um
blazer e pronto”, brincou.
“Raspar a cabeça no banho é quase como lavar a orelha”
Simples, porém vaidoso, Tas cultiva alguns truques de beleza no dia a dia. “O homem sempre foi vaidoso, só disfarçava”, comentou. Careca desde os 28 anos, decidiu tirar os fios que restavam com lâmina para barbear aos 29: “a pessoa precisa decidir quando é careca”. Desde então, o ritual é simples: embaixo do chuveiro, ele passa o condicionador Neutrox – aquele antigo de cor amarela – na careca e deixa a lâmina fazer o trabalho. “Raspar a cabeça no banho é quase como lavar a orelha”, comparou. O cuidado não termina por aí e ele usa um protetor solar especial para proteger a cachola.
“Sabe dizer o que é primer?”. “Claro, sempre uso”. A resposta do apresentador reforçou que não dá para subestimar seu conhecimento quando o assunto é beleza: “só não pode ter mais vidrinhos de produtos de beleza do que a mulher, este é o limite”, disse. A imagem em HD, segundo Tas, exige o uso de várias técnicas para deixar a pele natural e bonita. “HD exagera em tudo, até na feiura”, brincou. Ele sabe identificar os itens em uma bolsa de maquiagem, mas não é quem faz a própria make. “Minha especialidade mesmo é tirar”, disse.
Quatro casamentos e uma mulher
Enquanto Tas escrevia um post no seu blog no
Terra sobre os primeiros momentos no SPFW, acontecia o desfile de
Lino Villaventura, admirado pelo apresentador. “Esse cara é f…, minha mulher (Bel Kowarik) é fã. Usou um
vestido dele no nosso quarto casamento”. Quarto? Não chamaria a atenção se fosse com mulheres diferentes, mas Tas se casou todas as vezes com a mesma mulher. “Fizemos quatro casamentos espirituais. Os dois primeiros foram de linhagem hinduísta, o terceiro na umbanda e o último no papel”, contou.
Porco, cachaça e um Marcelo Tas anônimo
No caminho à sala do desfile da Colcci, mais assédio dos fãs. Mas a vida do apresentador nem sempre é assim. Quando vai
à chácara em São Bento, tem gente que nem sabe quem ele é. Ele costuma passear a cavalo e depois parar em um bar para comer carne de porco e tomar cachaça na lata de goiabada, com o colega Elias. Uma vez fãs começaram a cumprimentar Tas, e intrigaram uma das companhias dele que não sabia de sua fama e queria saber como aquela gente o conhecia. “Elias, então, explicou: ‘quem aparece na TV é como farinha, todo mundo sabe o que é’. Me senti uma farinha”, lembrou.
Na cidade, o look apenas acrescenta um
boné, “ando sempre com um na bolsa”. “Se eu quiser que ninguém me reconheça, eu consigo. Vou à Santa Ifigênia. Passo o dia na Florenço de Almeida comprando ferramentas”, contou. O truque, além do boné, é o ritmo de caminhar: não pode ser devagar. “Quando o cara pensa ‘aquela pessoa parece o Tas’ eu já estou longe”, afirmou.
Finalmente posicionado na fila A, Tas teve poucos minutos para se ajustar até o início do desfile. “Tenho dó de essas meninas serem tão magras”, comentou logo no começo e emendou: “não entendo como alguém pode andar com o centro de gravidade para trás assim, vai ter problema de coluna”. Com o celular, ele filmou e tirou fotos do desfile, que considerou “sensacional”. “Gostei dos recortes e da combinação sutil de cores, aquele
casaco duas cores e o verde eu usaria”, disse.
Colcci: vista sob o olhar de Tas
Já em relação às modelos, soltou algumas brincadeiras: “olha a menina, ela está feliz? Será que são tristes assim? Deve estar pensando: ‘ai, meu deus, quando eu chegar em casa ainda tenho que fazer lição’. Ela está em um lugar que eu não sei qual é”. Apenas Alessandra Ambrosio foi poupada: “teve um plus, ver a Alê Ambrosio desfilando pela primeira vez. Ela é a número um para mim, foi uma emoção especial”. Ao fim do desfile, Tas ainda cumprimentou a top no camarim e, para encerrar a segunda noite de
desfiles do SPFW, encarnou o top model e desfilou pela passarela recém palco dos modelos da Colcci.
**TERRA