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O Kit contra a homofobia, criado pelo Ministério da Educação em 2010 com o objetivo de diminuir o preconceito dentro das escolas, tem sido alvo de críticas contra o candidato à prefeitura de São Paulo Fernando Haddad (PT), na época ministro da Educação. O material – que não chegou a ser entregue – é uma das cartas na manga usadas pelo rival tucano José Serra para atacar o petista. No entanto, Serra assinou a produção de um kit parecido enquanto governador de São Paulo.
A informação, divulgada nesta segunda-feira na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, se refere à cartilha “Preconceito e discriminação no contexto escolar – Guia com sugestões de atividades preventivas para a HTPC e sala de aula”, criada pelo governo do Estado e Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). O material indica aos professores o uso de imagens de meninas se beijando e homens se abraçando e é entregue a professores, mas não é de uso obrigatório, informou a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
Na campanha para a prefeitura paulistana, Serra criticou o Kit contra a homofobia de Haddad e disse que o material fazia apologia ao bissexualismo. Em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo , o tucano afirmou que a intenção do material era “doutrinar, em vez de educar”. O pastor da Assembleia de Deus do Ministério Vitória em Cristo, Silas Malafaia, que declarou apoio ao tucano também fez ataques ao kit do petista. “O segundo turno vem aí, povo de SP. Contra Haddad, autor do kit gay, vote em Serra 45”, postou no Twitter.
“O Haddad já está marcado pelos evangélicos como o candidato do ‘kit gay’. Não vamos dar moleza para ele. Haddad pode até ganhar, mas não com os votos dos evangélicos”, disse Malafaia no dia 10 de outubro. Dois dias depois, ele voltou a criticar o material: “não é kit anti-homofobia não, ali é para ensinar homossexualismo nas escolas”. “O senhor (Haddad) deu grana pesada a ativistas gays fazerem esse lixo moral para ensinar homossexualismo. Sou a favor de um kit pra ensinar crianças a tolerar homossexuais, religiosos, gordinho, magrinho, negro, branquinho”, atacou Malafaia.
Kit tucano
O material anti-homofobia criado pelo MEC em 2010 previa cartilha, cartazes, folders e cinco vídeos educativos para a distribuição a 6 mil escolas do Ensino Médio. O assinado por Serra também inclui imagens, guia para os professores e videos. De acordo com a coluna da Mônica Bergamo, até um dos vídeos recomentados pelo kit tucano, Boneca na Mochila foi estudado pelo ministério para fazer parte do projeto.
Uma das sugestões aos professores contidas na cartilha estadual é uma atividade com duração de duas horas em que são apresentadas imagens “de duas garotas de mãos dadas, dois garotos de mãos dadas, um garoto e uma garota se beijando no rosto, dois homens se abraçando depois que um deles faz um gol e duas garotas se beijando na boca”. Em seguida, o docente deve perguntar quais as sensações que a figura desperta nos alunos.- Escreva todas as sensações citadas no quadro e explicar que “em nossa sociedade, tudo o que foge a certo padrão de masculinidade e de feminilidade é, muitas vezes, visto com estranhamento. É desse estranhamento que surgem os preconceitos e, consequentemente, a discriminação”.
Uma outra atividade prevê perguntar se os alunos concordam ou não com as seguintes afirmações: as pessoas podem escolher se querem ser homossexuais, bissexuais ou heterossexuais; a maior parte das mulheres que se tornam lésbicas é porque foram abusadas por um homem na infância; um menino que foi criado por um pai homossexual tem mais chance de se tornar um homossexual ou um travesti; um homossexual que queira se curar de sua homossexualidade deve procurar um psicólogo ou um líder religioso; travesti é o homem que se traveste de mulher para se prostituir; transexual é aquela pessoa que nasceu com um determinado sexo, mas que se acha/sente de outro.
Questionada sobre a similaridade do kit criado pelo MEC, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que o material estadual é distribuído para os docentes das escolas, enquanto o kit sobre homofobia, produzido pelo MEC seria entregue aos alunos. De acordo com a assessoria de imprensa de Serra, o material tucano se difere do petista por foi desenvolvido exclusivamente para professores e que os vídeos selecionados são diferentes. Para o PSDB, o “Kit Gay do Haddad” pecou nos vídeos: Probabilidade – que fala que o bissexual tem 50% mais chance de arrumar um parceiro, Encontrando Bianca – sobre um aluno transsexual que não sabe que banheiro deve usar e Torpedo.
**TERRA
Informamos aos diretores e educadores das escolas e demais parceiros que o envio do material didático (com livros-texto, DVDs e cartazes) já se inicia. Em virtude da quantidade de alunos dessa edição levaremos 15 dias para postar todos os kits.