POLÍTICA

Rivais no 2º turno, PT e PSDB disputam em SP há 24 anos

PT nunca ficou fora do segundo turno, desde 1985; PSDB compete pela prefeitura desde 1988. Foto: TerraA história política pós-ditadura em São Paulo se mistura com a participação eleitoral do PT e PSDB nas eleições paulistanas. As eleições deste ano tiveram como protagonista, durante a campanha, o PRB, representado porCelso Russomanno – que liderou nas pesquisas de intenção de voto até os últimos dias antes do pleito. Mas na decisão do primeiro turno ganharam PT, com Fernando Haddad, e PSDB, com José Serra. Os dois partidos marcam presença há 24 anos nas corridas eleitorais pela prefeitura paulistana.

“São Paulo sempre foi marcada, desde a redemocratização, por uma disputa acirrada entre dois polos: um mais conservador e outro mais progressista”, afirmou o doutor em sociologia e professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, Wagner Iglecias. Este ano, segundo ele, estavam “Russomanno e Serra de um lado e Haddad do outro”. Ele explicou que os candidatos do PSDB hoje podem ser colocados no polo conservador. “Há um eleitorado que se ressente da falta de lideranças carismáticas de direita, como Jânio, e que tem votado no PSDB como opção ‘menos ruim’ contra o PT, que praticamente monopolizou o polo progressista na cidade”, disse.

Tucanos e petistas: briga por SP é antiga 
Já em 1985, após 20 anos sem eleições, o PT apareceu na disputa municipal representado por Eduardo Suplicy. Na ocasião, Jânio Quadros, do PTB, venceu o pleito. Nas eleições seguintes, em 1988, o PSDB havia acabado de ser criado e foi representado por Serra na disputa pela cidade paulistana. Luiza Erundina competiu pelo PT e foi eleita prefeita de São Paulo. Em 1992, o PT foi representado por Eduardo Suplicy e o PSDB por Fábio Feldman. O petista foi para o segundo turno com Paulo Maluf (PPB), que venceu as eleições.

Quatros anos depois, mais uma vez PT e PSDB tiveram destaque nas eleições municipais. O partido dos trabalhadores ficou em segundo lugar, com Luiza Erundina. Já o tucano José Serra ocupou a terceira posição. Celso Pitta (PPB) – apoiado por Maluf – foi eleito prefeito de São Paulo. Nas eleições de 2000, a petista Marta Suplicy foi a vencedora do cargo executivo, contra Paulo Maluf (PPB). O tucano Geraldo Alckmin quase foi para o segundo turno contra o PT, mas acabou na terceira posição.

Em 2004, novamente Maluf, Marta e o PSDB – desta vez, representado por Serra – protagonizaram as eleições. Serra conseguiu ir para o segundo turno com a petista e foi eleito prefeito de São Paulo – deixando o cargo dois anos depois. Nas eleições de 2008, o cenário não foi diferente. Competiram o vice-prefeito de Serra – que assumiu como interino em 2006 -, Gilberto Kassab (DEM), Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Kassab venceu a petista no segundo turno e Alckmin ficou na terceira posição.

2012: PT e PSDB dão a volta por cima; Rusomanno morre na praia
As eleições deste ano poderiam acabar com a polaridade PT/PSDB em São Paulo. O resultado das votações do último domingo surpreendeu, se analisadas as pesquisas eleitorais feitas durante a campanha. O PT correu o risco de pela primeira vez não ir para o segundo turno, Rusomanno começou como líder isolado e acabou como terceiro colocado e José Serra, que apresentou o maior índice de rejeição entre os três, foi o candidato que recebeu mais votos. No sábado anterior ao dia do pleito, o Ibope divulgou uma pesquisa em que os três candidatos estavam empatados com 26%.

Russomanno começou a campanha com 31% e chegou 35% em setembro. Serra iniciou com 27% e caiu a 20% um mês antes do pleito. Haddad deu a largada com 8% e conseguiu 18% em setembro. No final da noite de domingo, Serra ficou com 30,75% dos votos, Haddad com 28,98% e Russomanno com 21,60%. Para Iglecias, a candidatura de Russomanno foi subestimada pelo PT e PSDB, que esperavam a queda do candidato do PRB após o início da propaganda eleitoral. “Isso não ocorreu e boa parte do eleitorado manteve a disposição de votar numa terceira via. Russomanno só ficou de fora do 2º turno, quando quebraria a polaridade PSDB / PT, porque passou a ser alvo do ataque duplo destes dois partidos nas últimas semanas”, afirmou. Além disso,Gabriel Chalita (PMDB) e membros da igreja católica criticaram o candidato do PRB.

Segundo turno: quem leva?
Até a votação do dia 28, existe tempo para fazer campanha. Haddad conta com a popularidade da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “deve fechar com Chalita e talvez com Russomanno, que são partidos da base aliada do governo federal e tem militância mais numerosa”, enumerou Iglecias. Ele lembrou também que o petista tem índice menor de rejeição do que Serra e não carrega o peso da gestão desgastada do prefeito Gilberto Kassab.

Do outro lado, Serra tem apoio do governador Geraldo Alckmin e o julgamento do mensalão como carta de ataque ao petista. “Acredito que a campanha de Serra usará fartamente este episódio para tentar derrotar Haddad”, comentou. Já sobre apoios, Iglecias acredita que o tucano fará em uma aliança com Soninha FrancinePaulinho da Força. “Ele tem mais experiência que Haddad e contará com o voto anti-petista que é bem pronunciado em São Paulo”, concluiu.

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